Meus maxilares sofrem. Tenho por hábito, mantê - los tencionados por
coisas que nem eu mesma descobri suas razões de ser. Assim, sem sentir, sem
sentido, eles ficam tensionados, presenteando-me com leves dores de cabeça -
não só pelos segredos que ainda não sei; muito mais pelos que já descobri e
ainda não achei um caminho para ultrapassá-los. Pelo visto ainda tem muitas
coisas a serem feitas. As grandes, já foram. Tenho medida. Falho sempre nas
pequenas. Nessas, de dar um telefonema para comunicar o imprevisto. De dar um
boa tarde caprichado, de deixar outros olhos pousarem nos meus e enxergarem o
que se passa. Nessas, de cuidar de mim e de quem está perto. Nessas, de dizer
não. Eu, coração ansioso, sempre sofri mais do que devia. Pela carta que não
veio, pelo plano que falhou, pela resposta que não achei, pelo futuro que
bambeou, pelo que não fiz, pelo que tenho de fazer, pelo que está fora de meu
alcance, pelo que não depende da minha vontade, pela confiança que tenho que
reconstruir, pelas pessoas que tive que deixar passar, pelas pessoas que vou
ter que deixar passar, pelas pessoas que ainda irei conhecer. Pelas pessoas que
eu não sabia que iria encontrar quando saí. Pelas reações inesperadas. Pelo
ciúme que sinto. Por minhas dúvidas. Por não saber o que se passa naquele
coração. Por achar que não mereço confiança. Por me achar confiante demais. Por
querer muito ouvir, mas temer as respostas que virão. Por não entender. Por ter
tanto medo. Por tudo o que quis dizer e não pude, por tudo que quero dizer e
não devo, por tudo que não posso sentir. Pelo que sinto, pelo que não sinto,
pelo que quero e pelo que não quero. Por querer muito e fazer pouco. Por ter de
fazer muito pra conseguir o pouco que quero. Por ter que lutar todos os dias
para ter a coragem de confiar que eu sou capaz sim de mudar o que tiver que
mudar, e aceitar o que não posso melhorar e ser feliz, ficar bem, do jeito que
Deus quiser e que o diabo duvidar. Coitados dos meus maxilares.
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