terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Apelo

Tempo, mano velho! Por onde andas?  Eu sei que ando assim sumida, desatenta aos seus chamados...antigos chamados...mas você me conhece bem; eu sou assim um tanto distraída.  Agora venha me dar o braço, me leve para mais um passeio em seu jardim, esqueça. Eu sinto que já me desculpou. Sente comigo naquele banco enferrujado...aquele, onde já refletimos sobre tantas...onde já tomamos tantas decisões e já pedimos, juntos, pro nosso velho amigo, o vento, que levasse com ele o que não fazia mais sentido e guardasse carinhosamente em seu baú de memórias. Assim, quando de vento virasse brisa leve (afinal, todo mundo varia o humor), sussurraria em meu ouvido uma breve história, para que eu nunca me esquecesse de onde vim. Espero. Tempo, mano velho, venha em meu socorro mais uma vez. Esqueça de nossa última briga, quando você me acelerou a vida e eu recusei, fui em valsa. Esqueça esse orgulho, eu já engoli o meu, não minta mais pra mim. Preciso de novo que chames o vento, tempo, grite por ele, grite! Esqueça esse orgulho, venha falar comigo, me diga como você está. Pois é o que te peço agora, acelere. Acelere o quanto quiser. Cedo de bom grado ao seu desejo. Só não se esqueça de levar consigo, quando passares correndo, essa pedra em que se transformou meu coração. Não sou mais uma sonhadora. E quando voltares, amado tempo, em valsas, o traga de volta - bento, pulsando, como coração de criança. 

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